Necrose de Cabeça de Fêmur

A osteonecrose da cabeça do fêmur, também conhecida como necrose avascular, é uma condição que ocorre quando o fluxo de sangue para a cabeça do fêmur (a parte superior do osso da coxa que se encaixa no quadril) é interrompido. Isso pode levar à morte das células ósseas e eventual desgaste ou colapso da cabeça do fêmur.

Osteonecrose cabeça fêmur - necrose avascular

Causas:

Existem várias causas potenciais para a osteonecrose da cabeça do fêmur, incluindo:

1. Lesão no quadril: Qualquer tipo de lesão no quadril, como uma fratura ou luxação, pode danificar os vasos sanguíneos e interromper o fluxo de sangue para a cabeça do fêmur.

2. Uso excessivo de álcool: O consumo excessivo de álcool pode levar à formação de pequenos coágulos de sangue que podem obstruir o fluxo de sangue para a cabeça do fêmur.

3. Uso de corticosteroides: O uso a longo prazo de corticosteroides, um tipo de medicamento usado para tratar uma variedade de condições, pode também aumentar o risco de osteonecrose.

Classificação:

A classificação de necrose avascular do fêmur é geralmente feita usando o sistema de classificação de Ficat e Arlet, que é baseado na progressão da doença em quatro estágios:

1. Estágio I: No primeiro estágio, a necrose avascular pode não ser evidente em radiografias regulares, mas pode ser detectada por meio de ressonância magnética (MRI). Os sintomas podem ser muito leves ou inexistentes.

2. Estágio II: Neste estágio, as alterações no osso tornam-se visíveis na radiografia. O paciente pode começar a sentir dor, especialmente quando colocar peso sobre a articulação afetada.

3. Estágio III: Neste ponto, o osso começa a quebrar e a forma da cabeça do fêmur pode começar a mudar. A dor provavelmente será mais constante e intensa.

4. Estágio IV: Este é o estágio final da doença, no qual a cabeça do fêmur colapsou completamente e a articulação do quadril está severamente danificada.

A classificação é útil para determinar a melhor forma de tratamento, que pode variar desde o manejo conservador com medicamentos e fisioterapia no estágio I, até a necessidade de cirurgia, como a substituição da articulação do quadril, nos estágios posteriores. O tratamento ideal depende do estágio da doença, da idade e da saúde geral do paciente, e de outros fatores. É sempre importante discutir todas as opções de tratamento com um profissional de saúde qualificado.

Sintomas:

Os sintomas da osteonecrose da cabeça do fêmur podem não ser evidentes no início da doença. No entanto, à medida que a condição progride, os sintomas podem incluir:

1. Dor no quadril: Este é geralmente o primeiro sintoma. A dor pode ser leve a moderada e pode ser mais acentuada quando o peso é colocado no quadril. A dor pode ser localizada na virilha, na coxa ou no glúteo.

2. Rigidez no quadril: Alguns indivíduos podem sentir rigidez no quadril, que pode limitar a amplitude de movimento.

3. Claudicação: Em alguns casos, a pessoa pode começar a mancar, especialmente quando tenta suportar peso sobre o quadril afetado.

4. Dor no repouso: À medida que a doença avança, a dor pode ser sentida mesmo em repouso ou durante a noite.

5. Dor referida: A dor pode irradiar para outras áreas, como o joelho ou a coxa.

6. Deterioração rápida: Em alguns casos, a função do quadril pode deteriorar-se rapidamente, passando de sintomas mínimos para dor grave dentro de alguns meses.

Os sintomas podem variar dependendo da extensão da necrose e de quantas áreas do osso foram afetadas. É crucial procurar atendimento médico se você está experimentando dor ou desconforto persistentes no quadril.

Tratamento:

O tratamento para a osteonecrose da cabeça do fêmur (quadril) varia dependendo da gravidade da condição. As opções de tratamento podem incluir:

1. Medicação e fisioterapia: Nos estágios iniciais, o médico pode recomendar analgésicos e anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) para aliviar a dor. A fisioterapia pode ajudar a melhorar a amplitude de movimento e a força muscular.

2. Restrição de peso: Evitar atividades de alto impacto ou manter o peso fora da articulação afetada pode ajudar a retardar a progressão da doença.

3. Procedimentos de preservação conjunta: Esses procedimentos, como o core decompression, visam preservar e restaurar a função normal da articulação. O médico remove a parte interna do osso, que reduz a pressão, aumenta o fluxo sanguíneo e permite o crescimento de novo osso.

4. Substituição da articulação (Artroplastia): Se a doença progredir para o ponto em que a articulação está gravemente danificada, a substituição da articulação pode ser necessária. Neste procedimento, a cabeça do fêmur danificada e o soquete do quadril são substituídos por implantes artificiais.

5. Enxerto ósseo: Em alguns casos, um enxerto ósseo pode ser recomendado. O enxerto ósseo envolve a transferência de osso saudável de uma parte do corpo para a área afetada.

É importante discutir estas opções com seu médico para determinar o melhor plano de tratamento para você. O objetivo do tratamento é aliviar a dor, melhorar a função e retardar a progressão da doença. Cada paciente é único, portanto, o plano de tratamento será personalizado para atender às suas necessidades e circunstâncias específicas.

Prótese de Quadril (Artroplastia) na Osteonecrose:

A substituição da articulação, ou artroplastia, é geralmente recomendada para a osteonecrose da cabeça do fêmur quando a doença progrediu para o ponto em que a articulação está gravemente danificada e causando dor significativa e incapacidade. Isso geralmente ocorre nos estágios mais avançados da doença.

A decisão de realizar a substituição da articulação depende de vários fatores, incluindo:

1. A idade do paciente: A substituição da articulação pode não ser a primeira opção para pacientes mais jovens devido à necessidade potencial de revisões futuras.

2. A gravidade da doença: A artroplastia geralmente é considerada quando a cabeça do fêmur está colapsada ou a articulação do quadril está significativamente danificada.

3. O nível de dor e incapacidade: A substituição da articulação é considerada quando a dor é severa e interfere nas atividades diárias e na qualidade de vida do paciente.

4. A resposta a outras opções de tratamento: Se os tratamentos conservadores e os procedimentos de preservação da articulação não foram bem-sucedidos ou não são mais eficazes, a substituição da articulação pode ser recomendada.

No entanto, o momento exato para a substituição da articulação varia para cada indivíduo. A decisão deve ser tomada em consulta com o médico, considerando o estado geral de saúde do paciente, suas expectativas e sua disposição para a reabilitação após a cirurgia.

Descompressão de Cabeça de Fêmur

A descompressão da cabeça do fêmur é um procedimento cirúrgico utilizado para tratar a osteonecrose ou necrose avascular da cabeça do fêmur.

O objetivo da descompressão da cabeça do fêmur é aliviar a pressão dentro do osso, aumentando o fluxo de sangue e permitindo que o osso se cure. Isso é feito perfurando um ou mais pequenos buracos na cabeça do fêmur.

O procedimento geralmente envolve o seguinte:

1. O paciente é anestesiado.

2. O cirurgião faz uma pequena incisão na coxa.

3. Com o auxílio de um guia de imagem, o cirurgião perfura um pequeno buraco através do osso até a área afetada na cabeça do fêmur.

4. Em alguns casos, o cirurgião pode também inserir um enxerto ósseo no buraco para ajudar a estimular o crescimento de novo osso (conforme imagem abaixo).

A descompressão da cabeça do fêmur é geralmente mais eficaz nos estágios iniciais da osteonecrose, antes de o osso começar a colapsar. Em estágios mais avançados da doença, pode ser necessária uma cirurgia mais complexa, como uma artroplastia total do quadril (substituição do quadril).

Como qualquer procedimento cirúrgico, a descompressão da cabeça do fêmur tem riscos, incluindo infecção, danos aos nervos ou vasos sanguíneos, e a possibilidade de que a cirurgia não alivie os sintomas ou evite a necessidade de uma futura substituição do quadril. Portanto, a decisão de prosseguir com a cirurgia deve ser tomada em consulta com um profissional de saúde qualificado, levando em consideração a condição específica do paciente, a gravidade da doença, a saúde geral do paciente e outros fatores.

O conteúdo acima tem intenção de informar e não substitui avaliação com um profissional médico na área de cirurgia do quadril.

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Dr Gustavo Poleto

Ortopedista e Traumatologista

Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia

Cirurgião de Quadril

CREMESC: 27515

TEOT: 13561

RQE 17927

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